Falsa Consideracao
Jorge Aragão
Composição: Marquinhos Santana
Agora eu sei
Que o amor que você prometeu
Não foi igual ao que você me deu
Era mentira o que você jurou
Mas não faz mal
Eu aprendi que não se deve crer
Em tudo aquilo que alguém nos diz
Num momento de prazer ou de amor
Mas tudo bem
Eu sei que um dia vai e outro vem
Você ainda há de encontrar alguém
Pra lhe fazer o que você me fez
E aí, na hora do sufoco sei que você vai me procurar
Com a mesma conversa que um dia me fez apaixonar
Por alguém de uma falsa consideração
E aí, você vai perceber que eu estou numa boa
Que durante algum tempo fiquei sem ninguém
Mas há males na vida que vem para o bem
7.8.11
1.8.11
Eu Indico : Filmes - Minha versão do amor.
Com a ressaca do final de semana, principalmente de ontem domingo after órbita. aluguei um dvd para relaxar, e o filme é muito interessante.
é com o Paul Giamatti(Sideways) e o novo filme que ele participa se chama "Minha versão do amor"
Boa dica de cineminha pra segunda-feira, eu indico demais, tem seus momentos engraçados mesclado com situações de profundo sentimentalismo e questões existenciais do próprio personagem que falo acima.
Boa semana! Vou tomar meu Açai, hihihi :D
é com o Paul Giamatti(Sideways) e o novo filme que ele participa se chama "Minha versão do amor"
Boa dica de cineminha pra segunda-feira, eu indico demais, tem seus momentos engraçados mesclado com situações de profundo sentimentalismo e questões existenciais do próprio personagem que falo acima.
Boa semana! Vou tomar meu Açai, hihihi :D
30.7.11
Trocando em Miúdos
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque & Francis Hime
Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim!
O resto é seu
Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças
Aquela esperança de tudo se ajeitar
Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter
Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado
Aliás
Aceite uma ajuda do seu futuro amor
Pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
E nunca leu
Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde.
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque & Francis Hime
Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim!
O resto é seu
Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças
Aquela esperança de tudo se ajeitar
Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter
Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado
Aliás
Aceite uma ajuda do seu futuro amor
Pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
E nunca leu
Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde.
25.7.11
Thales reflexões..
Thales Ayala
"Grande problema da maioria dos relacionamentos é certa dispariedade. Se ela é infantil é por carência, se reclama por bobagens é hormonio, se faz comentarios idiotas é por ciumes. Agora se ele for infantil é por ser imaturo, se reclama por bobagens é um chato, se faz comentarios idiotas é por ser um idiota. Se o seu não tiver disso é porque não encontrou uma mulher e sim uma deusa =P."
"Grande problema da maioria dos relacionamentos é certa dispariedade. Se ela é infantil é por carência, se reclama por bobagens é hormonio, se faz comentarios idiotas é por ciumes. Agora se ele for infantil é por ser imaturo, se reclama por bobagens é um chato, se faz comentarios idiotas é por ser um idiota. Se o seu não tiver disso é porque não encontrou uma mulher e sim uma deusa =P."
discordo woody!
Em resposta a uma revista, Woody diz:
“The heart wants what it wants. There’s no logic to those things. You meet someone and you fall in love and that’s that.” (Woody Allen)
Não concordo Woody, malz aê!
:)
“The heart wants what it wants. There’s no logic to those things. You meet someone and you fall in love and that’s that.” (Woody Allen)
Não concordo Woody, malz aê!
:)
16.7.11
O dois caminhos (...) Versos, Poesias, Crônicas, Textos e qualquer besteira. por: Michelle Luna.
"O meu caminho no mundo, achava eu que era para se cruzar
Junto do seu caminho,
e que assim, formaríamos um novo caminho mas dessa vez de mãos dadas
observando o futuro que tinha caído para os dois corpos que haviam pensado
que o destino havia batido nas duas portas de forma certeira.
Dos encontros, se fez a cumplicidade e também as afinidades que eram observadas de um amplitude da esfera profunda dos sentimentos e verbalização da palavra "Amor"
E em muitas das conversas, inúmeras conversas, eis que nos admirávamos pela completa semelhança de vida, de observações do mundo, sociedade, amigos, pessoas. e dizíamos nunca termos conseguido nos encaixar nesse mundo de forma completa ou totalmente transparente.
Observando tudo aquilo, chegamos a conclusão de que o dois apaixonados se sentima completamente em casa, como se estivesse em sua própria cama, coberto com o edredom. Ali os dois poderiam ser eles mesmos, sem julgamentos, sem personagens e sem críticas. Lembro-me até que os dois apaixonados falavam constatemente "Nunca conseguimos nos encaixar com as pessoas não é meu amor? Mesmo rodeados de amigos, familias, de festas e mais festas, no fundo nos sentíamos sozinhos, como se não pertencessemos a nenhum local ou a ninguém.
E por um passe de mágica, tudo isso mudou, éramos verdadeiramentes cúmplices de nós mesmos, amigos de nós amigos, não queríamos o mundo ou mais ninguém, era bom sentir que poderiamos nos tornar livres e a felicidade de finalmente nao estar em um órbita bebendo e "fingindo felicidade", em relacionamentos afundados, em amizades ou familias afundadas. é bom sentir-se em casa, sentir que alguém te aceita como você realmente é, na alegria e na tristeza, sabendo que somente aquela pessoa, conhece toda a sua maldade e toda a sua beleza, toda a sua bondade, e todo seu inferno. porque todos nos seres humanos, temos nosso céu e inferno.
E então, tudo foi embora rapidamente, como a onda que levou um barco para bem longe(...) e se fez silêncio e calmaria novamente.
E agora ambos os dois, não mais apaixonados, esperam ansiosamente pelo fogo, pela conexão profunda com um outro ser que esteja ai pelo mundo a nossa espera.
a pergunta que não calou pelo menos para meus pensamentos seria: Será que vai ser completo de fato e sintonizado como somente nos dois éramos?
Posso dizer que conheci o melhor e o pior desse outro ser, esse outro amigo que estava ao meu lado, e sempre saberei que no fundo ele se sente sozinho mesmo com toda a ilusão de preenchimento de felicidade na vida dele, esse preenchimento nunca será satisfatório, pois ele nunca mais se mostrará verdadeiramente como mostrou a sua essência boa e má somente a mim. Pode passar anos e mais anos, mas sinto que ele nunca mais irá confiar profundamente em outro alguém como ele pôs em mim seus sonhos, alegrias, medos, anseios, acerto e inseguranças, assim como eu devolvi tudo isso na mesma ou maior quantidade.
Eu não tenho a resposta se vamos amar novamente da mesma intensidade, mas desejo do fundo do coração que nessa vida, possamos nos apaixonar ou amar perdidamente pelo menos duas ou três vezes alguém com toda a sinceridade que o coração se permitir.
Mas o sentimento mudou e de forma negativa acredito que para sempre, e devidamente com isso o respeito e admiração que tínhamos foi para um espaço sideral bastante longe desse local que vivemos, chamado Terra. é uma pena, e não sinto mais vontade de mudar nada, e até acredito que se pudesse voltar o tempo, eu teria chegado atrasada naquela fliperama de 07 de agosto de 2010. eu mudaria tudo em um piscar de olhos, sem dúvida alguma, do que viver com a marca da mágoa, da pena, do nojo, ou pior: da indiferença por não sentir mais amor sincero ou simplismente por ter me desapaixonado de vez.
É uma lástima,
Michelle Luna
Junto do seu caminho,
e que assim, formaríamos um novo caminho mas dessa vez de mãos dadas
observando o futuro que tinha caído para os dois corpos que haviam pensado
que o destino havia batido nas duas portas de forma certeira.
Dos encontros, se fez a cumplicidade e também as afinidades que eram observadas de um amplitude da esfera profunda dos sentimentos e verbalização da palavra "Amor"
E em muitas das conversas, inúmeras conversas, eis que nos admirávamos pela completa semelhança de vida, de observações do mundo, sociedade, amigos, pessoas. e dizíamos nunca termos conseguido nos encaixar nesse mundo de forma completa ou totalmente transparente.
Observando tudo aquilo, chegamos a conclusão de que o dois apaixonados se sentima completamente em casa, como se estivesse em sua própria cama, coberto com o edredom. Ali os dois poderiam ser eles mesmos, sem julgamentos, sem personagens e sem críticas. Lembro-me até que os dois apaixonados falavam constatemente "Nunca conseguimos nos encaixar com as pessoas não é meu amor? Mesmo rodeados de amigos, familias, de festas e mais festas, no fundo nos sentíamos sozinhos, como se não pertencessemos a nenhum local ou a ninguém.
E por um passe de mágica, tudo isso mudou, éramos verdadeiramentes cúmplices de nós mesmos, amigos de nós amigos, não queríamos o mundo ou mais ninguém, era bom sentir que poderiamos nos tornar livres e a felicidade de finalmente nao estar em um órbita bebendo e "fingindo felicidade", em relacionamentos afundados, em amizades ou familias afundadas. é bom sentir-se em casa, sentir que alguém te aceita como você realmente é, na alegria e na tristeza, sabendo que somente aquela pessoa, conhece toda a sua maldade e toda a sua beleza, toda a sua bondade, e todo seu inferno. porque todos nos seres humanos, temos nosso céu e inferno.
E então, tudo foi embora rapidamente, como a onda que levou um barco para bem longe(...) e se fez silêncio e calmaria novamente.
E agora ambos os dois, não mais apaixonados, esperam ansiosamente pelo fogo, pela conexão profunda com um outro ser que esteja ai pelo mundo a nossa espera.
a pergunta que não calou pelo menos para meus pensamentos seria: Será que vai ser completo de fato e sintonizado como somente nos dois éramos?
Posso dizer que conheci o melhor e o pior desse outro ser, esse outro amigo que estava ao meu lado, e sempre saberei que no fundo ele se sente sozinho mesmo com toda a ilusão de preenchimento de felicidade na vida dele, esse preenchimento nunca será satisfatório, pois ele nunca mais se mostrará verdadeiramente como mostrou a sua essência boa e má somente a mim. Pode passar anos e mais anos, mas sinto que ele nunca mais irá confiar profundamente em outro alguém como ele pôs em mim seus sonhos, alegrias, medos, anseios, acerto e inseguranças, assim como eu devolvi tudo isso na mesma ou maior quantidade.
Eu não tenho a resposta se vamos amar novamente da mesma intensidade, mas desejo do fundo do coração que nessa vida, possamos nos apaixonar ou amar perdidamente pelo menos duas ou três vezes alguém com toda a sinceridade que o coração se permitir.
Mas o sentimento mudou e de forma negativa acredito que para sempre, e devidamente com isso o respeito e admiração que tínhamos foi para um espaço sideral bastante longe desse local que vivemos, chamado Terra. é uma pena, e não sinto mais vontade de mudar nada, e até acredito que se pudesse voltar o tempo, eu teria chegado atrasada naquela fliperama de 07 de agosto de 2010. eu mudaria tudo em um piscar de olhos, sem dúvida alguma, do que viver com a marca da mágoa, da pena, do nojo, ou pior: da indiferença por não sentir mais amor sincero ou simplismente por ter me desapaixonado de vez.
É uma lástima,
Michelle Luna
Ivan Martins me entende. hahaha !
Que bom não ter mais nada a ver com ele
IVAN MARTINS
IVAN MARTINS
É editor-executivo de ÉPOCA
Nem sempre o passado provoca nostalgia. Às vezes, dar de cara com ele só traz alívio.
O sujeito está lá, feliz com a sua vida, quando recebe pela internet a foto de uma ex de olhos siderados, copo na mão, enroscada num cara no meio da balada. Ao ver as formas e o rosto conhecido, ele instantaneamente leva a mão à boca, num gesto de susto e autocomiseração.
Mas isso dura menos de um segundo.
É tempo suficiente para ele lembrar que não tem mais nada a ver com aquilo - que aquele furacão de álcool e extravagância já não é mais da conta dele.
Com um suspiro de gratidão indefinida, ele observa a imagem na tela enquanto lembra que a moça, embora linda e arrebatadora, era uma dor de cabeça que não dói mais nele.
Quem é capaz de se identificar com essa história?
Eu sou. E acho que muitos serão.
Cada um de nós já teve experiências de convívio carregadas de ambiguidade. Você gosta da pessoa, às vezes ama, mas, junto com as coisas que você deseja ou admira nela, percebe traços de personalidade, manias ou comportamentos que são simplesmente insuportáveis. É bom livrar-se deles, embora não seja gostoso separar-se do que você ama nas pessoas.
Eu, por exemplo, não suporto gente intolerante, arrogante, belicosa. Mas já convivi com isso bem de perto, numa pessoa que tinha qualidades admiráveis. Foi traumatizante. Desde que essa relação acabou, faço questão de acordar ao lado de gente com menos certezas e pedras na mão. Tem sido bom assim.
Com as mulheres acredito que acontece o mesmo.
Uma delas me dizia outro dia como foi chegar na casa de um amigo e dar de cara com o ex- namorado embriagado se comportando como um escroto na frente da nova namorada – exatamente como fazia com ela. “Deu raiva dele, deu pena da garota, mas a alegria de estar livre daquilo foi bem maior”, me disse a amiga.
Nem sem
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Às vezes o que está errado numa pessoa é como certos barulhos no carro que vão e voltam. Algo está lá, incomodando, mas você não consegue perceber o quê, exatamente. Apenas meses ou anos depois, já na condição de amigo, ou pelo menos de ex, fica claro, repentinamente claro, qual era a origem do ruído.
Você olha para a aquela mulher encantadora e falante e percebe a crônica incapacidade dela em se mover em qualquer direção.
Ou então se dá conta da tristeza, quase depressão, que emana dela e que pairava sobre a relação de vocês como uma névoa.
Ou então nota, por trás da polidez, a insistência dela em falar de si mesma, como se ninguém mais importasse.
Ou a frequência exasperante com que ela menciona fulano, um antecessor que já era antigo ao seu tempo, mas que parece não ter sido esquecido.
Nessas ocasiões, a gente entende por que acabou, por que não deu certo, por que não tinha de ser.
O tempo ajuda a perceber sutilezas. Ele nos ajuda a ver através das pessoas e raramente o mito delas resiste a esse olhar objetivo e desapaixonado.
É bom que seja assim.
Se o seu ex era um controlador ególatra ou um quarentão indolente que precisa de mãe, é importante perceber. Ajuda a olhar para frente. Faz com que a vida ande. Permite entender que as coisas que aconteceram no passado tinham lá seus motivos. Permite olhar para a foto da ex na internet e dar uma boa gargalhada - sem o menor sentimento de perda.
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras
IVAN MARTINS
IVAN MARTINS
É editor-executivo de ÉPOCA
Nem sempre o passado provoca nostalgia. Às vezes, dar de cara com ele só traz alívio.
O sujeito está lá, feliz com a sua vida, quando recebe pela internet a foto de uma ex de olhos siderados, copo na mão, enroscada num cara no meio da balada. Ao ver as formas e o rosto conhecido, ele instantaneamente leva a mão à boca, num gesto de susto e autocomiseração.
Mas isso dura menos de um segundo.
É tempo suficiente para ele lembrar que não tem mais nada a ver com aquilo - que aquele furacão de álcool e extravagância já não é mais da conta dele.
Com um suspiro de gratidão indefinida, ele observa a imagem na tela enquanto lembra que a moça, embora linda e arrebatadora, era uma dor de cabeça que não dói mais nele.
Quem é capaz de se identificar com essa história?
Eu sou. E acho que muitos serão.
Cada um de nós já teve experiências de convívio carregadas de ambiguidade. Você gosta da pessoa, às vezes ama, mas, junto com as coisas que você deseja ou admira nela, percebe traços de personalidade, manias ou comportamentos que são simplesmente insuportáveis. É bom livrar-se deles, embora não seja gostoso separar-se do que você ama nas pessoas.
Eu, por exemplo, não suporto gente intolerante, arrogante, belicosa. Mas já convivi com isso bem de perto, numa pessoa que tinha qualidades admiráveis. Foi traumatizante. Desde que essa relação acabou, faço questão de acordar ao lado de gente com menos certezas e pedras na mão. Tem sido bom assim.
Com as mulheres acredito que acontece o mesmo.
Uma delas me dizia outro dia como foi chegar na casa de um amigo e dar de cara com o ex- namorado embriagado se comportando como um escroto na frente da nova namorada – exatamente como fazia com ela. “Deu raiva dele, deu pena da garota, mas a alegria de estar livre daquilo foi bem maior”, me disse a amiga.
Nem sem
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Às vezes o que está errado numa pessoa é como certos barulhos no carro que vão e voltam. Algo está lá, incomodando, mas você não consegue perceber o quê, exatamente. Apenas meses ou anos depois, já na condição de amigo, ou pelo menos de ex, fica claro, repentinamente claro, qual era a origem do ruído.
Você olha para a aquela mulher encantadora e falante e percebe a crônica incapacidade dela em se mover em qualquer direção.
Ou então se dá conta da tristeza, quase depressão, que emana dela e que pairava sobre a relação de vocês como uma névoa.
Ou então nota, por trás da polidez, a insistência dela em falar de si mesma, como se ninguém mais importasse.
Ou a frequência exasperante com que ela menciona fulano, um antecessor que já era antigo ao seu tempo, mas que parece não ter sido esquecido.
Nessas ocasiões, a gente entende por que acabou, por que não deu certo, por que não tinha de ser.
O tempo ajuda a perceber sutilezas. Ele nos ajuda a ver através das pessoas e raramente o mito delas resiste a esse olhar objetivo e desapaixonado.
É bom que seja assim.
Se o seu ex era um controlador ególatra ou um quarentão indolente que precisa de mãe, é importante perceber. Ajuda a olhar para frente. Faz com que a vida ande. Permite entender que as coisas que aconteceram no passado tinham lá seus motivos. Permite olhar para a foto da ex na internet e dar uma boa gargalhada - sem o menor sentimento de perda.
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras
Ivan Martins, revista época :)
Ele não tem compromisso, mas ainda não é livre
IVAN MARTINS
IVAN MARTINS
É editor-executivo de ÉPOCA
Embora muitos não percebam, os homens não se dividem apenas entre casados e solteiros, ou entre aqueles que têm e não têm namorada. Há outra categoria, menor, mas igualmente importante: a dos homens separados. Eles constituem um grupo inteiramente à parte.
Não importa se o sujeito foi casado por dez anos ou se acaba de romper um namoro que mudou a sua vida. Quem terminou uma relação importante vive, por tempo indeterminado, num universo emocional diferente daquele em que vivem as outras pessoas.
A característica essencial desse período é a dubiedade de sentimentos e a indefinição. O homem separado não tem mais compromisso, mas ele ainda não se sente realmente livre. Vive, de forma muito aguda, a euforia de não ter mais laços e a angústia de estar sozinho. Habita, simultaneamente, dois mundos que se afastam um do outro. Num deles é o companheiro de alguém, o pai, o homem da casa. No outro, é um camarada solitário em busca de emoções e sensações reprimidas. Até que esses dois mundos voltem a se encontrar, até que o homem separado recupere a sua identidade, ele tende a viver em desequilíbrio – o que não é necessariamente ruim.
Eu lembro desses períodos de separação de forma muito intensa. Viagens, rostos, conversas na rua tarde da noite. A palavra para esses interregnos é descoberta. Sobretudo, a descoberta de pessoas e seus mundos. Cada um de nós vive num planeta próprio. Explorar esses planetas, entrar na casa e na vida dos outros sem o peso dos compromissos é uma delícia.
Há também os excessos. A gente enlouquece de liberdade e pira de carência. Sem se dar conta, o sujeito começa a agir como cachorro louco. É comum ver homem separado se atirando sobre as mulheres indiscriminadamente. Não é só lascívia. Depois de anos com a mesma mulher, ou meses com a namorada atenciosa, passar um fim de semana sozinho pode ser o inferno – e, para escapar dele, as pessoas fazem qualquer coisa.
Quando se olha de fora, parece que os homens separados estão 100% do tempo atrás de sexo, mas não é bem isso. A grande ausente nos namoros e casamentos falidos é a paixão. Sexo existe, mas não existe mais romance. Ninguém mais suspira no meio da transa, não se tem mais vontade de escrever cartas à mão ou mandar flores. Você não olha mais para a sua mulher como se ela fosse a mais linda do mundo. E isso faz falta para os dois.
O escritor Norman Mailer já dizia nos anos 1960: as pessoas se esfregam nas festas achando que estão em busca de sexo, quando, na verdade, estão procurando amor. Cinquenta anos depois, o diagnóstico ainda vale para boa parte das situações.
Às vezes eu me surpreendo ao perceber que dos meus períodos de homem separado sobraram relações bacanas. Algumas mulheres conseguiram enxergar por trás da máscara de sedutor tragicômico um sujeito com quem se poderia conversar e conviver. Tornaram-se amigas - mas são exceção.
A tendência nesses momentos de tumulto é queimar as oportunidades e o filme. Você conhece pessoas especiais, mas não consegue ver um palmo à frente do nariz. Não as percebe. Age com todas de uma forma padrão, ditada pela particularidade do seu momento. Banaliza sentimentos e possibilidades.
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Há certo vampirismo nos homens separados, uma necessidade de tomar dos outros dando relativamente pouco. Há uma carência (essa é a palavra-chave) que devora tudo em volta até que algo sacie e acalme. Até que o sujeito seja capaz, de novo, de se apaixonar. Até que ele recupere o romance em sua vida. Esse, eu acho, é o momento em que ele deixa de ser um homem separado e volta a ser um homem livre. A capacidade de se apaixonar encerra a transição.
Esta, ao menos, é a minha experiência. Ela não me parece muito distinta da experiência dos outros homens, mas, nem por isso, serve como regra. Haverá quem saia do casamento pronto para se apaixonar de novo, instantaneamente. Outros baterão cabeça por meses ou anos. Um homem especial talvez seja capaz de reconhecer mesmo na bruma da separação o sorriso da mulher feita para ele – e não jogue fora a oportunidade.
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)
IVAN MARTINS
IVAN MARTINS
É editor-executivo de ÉPOCA
Embora muitos não percebam, os homens não se dividem apenas entre casados e solteiros, ou entre aqueles que têm e não têm namorada. Há outra categoria, menor, mas igualmente importante: a dos homens separados. Eles constituem um grupo inteiramente à parte.
Não importa se o sujeito foi casado por dez anos ou se acaba de romper um namoro que mudou a sua vida. Quem terminou uma relação importante vive, por tempo indeterminado, num universo emocional diferente daquele em que vivem as outras pessoas.
A característica essencial desse período é a dubiedade de sentimentos e a indefinição. O homem separado não tem mais compromisso, mas ele ainda não se sente realmente livre. Vive, de forma muito aguda, a euforia de não ter mais laços e a angústia de estar sozinho. Habita, simultaneamente, dois mundos que se afastam um do outro. Num deles é o companheiro de alguém, o pai, o homem da casa. No outro, é um camarada solitário em busca de emoções e sensações reprimidas. Até que esses dois mundos voltem a se encontrar, até que o homem separado recupere a sua identidade, ele tende a viver em desequilíbrio – o que não é necessariamente ruim.
Eu lembro desses períodos de separação de forma muito intensa. Viagens, rostos, conversas na rua tarde da noite. A palavra para esses interregnos é descoberta. Sobretudo, a descoberta de pessoas e seus mundos. Cada um de nós vive num planeta próprio. Explorar esses planetas, entrar na casa e na vida dos outros sem o peso dos compromissos é uma delícia.
Há também os excessos. A gente enlouquece de liberdade e pira de carência. Sem se dar conta, o sujeito começa a agir como cachorro louco. É comum ver homem separado se atirando sobre as mulheres indiscriminadamente. Não é só lascívia. Depois de anos com a mesma mulher, ou meses com a namorada atenciosa, passar um fim de semana sozinho pode ser o inferno – e, para escapar dele, as pessoas fazem qualquer coisa.
Quando se olha de fora, parece que os homens separados estão 100% do tempo atrás de sexo, mas não é bem isso. A grande ausente nos namoros e casamentos falidos é a paixão. Sexo existe, mas não existe mais romance. Ninguém mais suspira no meio da transa, não se tem mais vontade de escrever cartas à mão ou mandar flores. Você não olha mais para a sua mulher como se ela fosse a mais linda do mundo. E isso faz falta para os dois.
O escritor Norman Mailer já dizia nos anos 1960: as pessoas se esfregam nas festas achando que estão em busca de sexo, quando, na verdade, estão procurando amor. Cinquenta anos depois, o diagnóstico ainda vale para boa parte das situações.
Às vezes eu me surpreendo ao perceber que dos meus períodos de homem separado sobraram relações bacanas. Algumas mulheres conseguiram enxergar por trás da máscara de sedutor tragicômico um sujeito com quem se poderia conversar e conviver. Tornaram-se amigas - mas são exceção.
A tendência nesses momentos de tumulto é queimar as oportunidades e o filme. Você conhece pessoas especiais, mas não consegue ver um palmo à frente do nariz. Não as percebe. Age com todas de uma forma padrão, ditada pela particularidade do seu momento. Banaliza sentimentos e possibilidades.
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Há certo vampirismo nos homens separados, uma necessidade de tomar dos outros dando relativamente pouco. Há uma carência (essa é a palavra-chave) que devora tudo em volta até que algo sacie e acalme. Até que o sujeito seja capaz, de novo, de se apaixonar. Até que ele recupere o romance em sua vida. Esse, eu acho, é o momento em que ele deixa de ser um homem separado e volta a ser um homem livre. A capacidade de se apaixonar encerra a transição.
Esta, ao menos, é a minha experiência. Ela não me parece muito distinta da experiência dos outros homens, mas, nem por isso, serve como regra. Haverá quem saia do casamento pronto para se apaixonar de novo, instantaneamente. Outros baterão cabeça por meses ou anos. Um homem especial talvez seja capaz de reconhecer mesmo na bruma da separação o sorriso da mulher feita para ele – e não jogue fora a oportunidade.
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)
Hahahaha, esse é muito bom. Ivan Martins textos revista época.
A fila anda, mas nossos sentimentos empacam
IVAN MARTINS
IVAN MARTINS
É editor-executivo de ÉPOCA
Um dos efeitos colaterais da nossa liberdade de escolha afetiva é a multiplicação dos ex. Todo mundo tem um ou uma. No passado, quando as pessoas ficavam casadas pela vida inteira, essa figura controversa não existia. Havia ex-presidiário, ex-banqueiro e ex-garota de programa. Mas ex-marido ou ex-mulher, isso era coisa rara.
Hoje em dia, conheço um monte de gente que está no terceiro casamento. E a cada um deles corresponde o espectro de um ex. Alguns são fantasmas bonzinhos, desses que moram quietinhos na memória e, de vez em quando, nos acenam do fundo de um bar. São benignos. Outros vêem carregados de lembranças dolorosas. Só de avistá-los a pessoa se deprime. E há o terceiro tipo, verdadeiro morto-vivo, que é o ex que acha que não acabou – e fica ali em volta, ciscando, ligando, mandando mensagens. Encontrá-lo é sempre uma emoção desagradável.
O pior tipo é o ex de quem a gente gosta. Está lá você, feliz na sua vida, quando a danada (ou danado) aparece para azedar a noite. Pode acontecer a qualquer hora, em qualquer lugar. Não há defesa contra esse tipo de surpresa. No caso dos homens, estar acompanhado de uma mulher bacana atenua o baque. Afinal, ninguém merece ser pego sozinho, com cara de cão sem dono, diante de uma ex com olhar de “nunca fui tão feliz na vida”. Um escudo humano ajuda contra isso, mas não resolve. Ex de quem se gosta sempre dói.
No tempo em que as pessoas se dividiam claramente entre adultos e adolescentes, esse tipo de situação pertencia ao mundo dos adolescentes. Adultos não só tinham relações estáveis e duradouras como, uma vez que elas terminavam, não havia convívio entre ex-marido e ex-mulher. Isso mudou, claro. Os adultos agora trocam de parceiros como adolescentes, vivem em bandos como os adolescentes e, nesses bandos, todo mundo frequenta todo mundo, às vezes de forma carnal. Quando acaba com um, a relação começa com outro. É sempre alguém mais ou menos próximo. O resultado dessa endogamia é convívio indesejado. É troca de mensagens públicas nas redes sociais. É dor.
Eu acho isso tudo difícil de lidar, mas não vejo escapatória. Numa sociedade em que as pessoas se casam (e se relacionam) muitas vezes, é inevitável que andem por aí esbarrando nos ex. Ao menos aqueles que dividem o mesmo microcosmo social.
Claro, essas questões se colocam de forma aguda para quem acabou de se separar. Ou para quem ainda sofre com o ex. Ou para quem carrega divergências inconciliáveis com o ex-marido ou a ex-mulher.
Nas separações normais, passado o tempo regulamentar e superados sentimentos vis, o ex-casal pode conviver perfeitamente. À distância. Podem encontrar-se socialmente, de quando em quando, e trocar palavras amenas. Nessas ocasiões, ela vai avaliar discretamente a barriga e a papada dele e concluir que tudo piorou. Ele, com a mesma discrição, vai passar os olhos nas ancas dela e sentir uma pontinha de saudades. Seres humanos são assim.
Novos cônjuges ou namorados também são objeto de inspeção criteriosa, física e existencial. A rede comum de amigos é empregada para desenterrar detalhes íntimos sobre o sucessor ou sucessora. Se for gente normal, deixa de ser assunto em poucas semanas. E a vida continua.
Eu gosto de pensar que há grandeza nisso. Que há evolução. Uma sociedade em que as pessoas trocam, são trocadas e conseguem tocar a vida sem melodramas é
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Seria perfeito se no ato de usar seus direitos de escolha os ex tivessem a elegância de pensar nos sentimentos de quem ficou pra trás, mas isso talvez seja pedir demãos. Nós, como sociedade, não estamos nos tornando mais elegantes. Pelo contrário, estamos nos tornando egoístas e rudes na proteção de nossas prioridades. Mas imagino que assim preparamos o terreno para ser mais felizes.
Os conservadores, na sua abissal insegurança, tentam criar um mundo cercado de restrições, que os proteja da dor de serem trocados. Mas na geografia em que vivemos esse mundo não mais existe. Ele só pode ser recriado, no espaço da vida de um casal, através da violência e do controle. Ainda assim será precário e triste. Ao final, ilusório.
No mundo real, a fila anda,como disse uma vez o Fábio Júnior, depois da décima separação. Tenho a impressão, aliás, de que a nossa vida começa a se parecer com a vida dos artistas. Há no nosso cotidiano certo glamour que as gerações anteriores de gente normal não conheceram. Há também essas trocas rápidas de parceiros e casamentos relâmpagos que antes a gente só via nas revistas de fofocas. E há, claro, a divulgação pública de tudo que nos acontece, pelas redes sociais. Mesmo o anônimo mais sem graça tem uma audiência no Facebook com quem dividir seu último sucesso ou insucesso amoroso. Todos nós temos plateia e suspeito que, mesmo inconscientemente, atuamos para ela. Nós e nossos ex nos tornamos parte de uma novela que está o ar 24 horas por dia na internet.
Como eu já disse, não vejo muito remédio contra isso. Quem se relacionar no mundo moderno vai esbarrar nessa promiscuidade, ainda que não se engaje nela diretamente. Se o seu ex está na rede, um pedaço seu está lá. Se o seu ex é galinha, lá vai você na roda.
Um jeito de evitar o pior talvez seja relacionar-se fora da tribo profissional ou do grupo de amigos. Se algum dia a relação acabar, você não terá de ver sua ex-pessoa toda hora, nem ouvir a fofocas sobre o que ela faz ou deixa de fazer.
Outra dica útil – infinitamente mais séria - é examinar com cuidado o caráter da mulher ou do homem a quem você vai se juntar, especialmente se quiser ter filhos. Não há nada pior do que achar-se ligado pelo resto da vida a uma pessoa escrota. Mesmo aquilo que é difícil torna-se é mais fácil quando se está tratando com gente de bem.
Em relação à figura do ex ou da ex, a grande advertência é que eles não vão desaparecer porque nos cansamos deles. As pessoas com quem a gente se relacionou de forma duradoura fazem de alguma forma parte da nossa vida. Ficam lá em algum formato de arquivo.
Se você tem três ou quatro ex que estão sempre ao redor, aceite isso. E cuide para que o seu novo parceiro ou parceira também aceite. Num mundo como o nosso, em que nada é permanente, a capacidade de lidar com o passado deve ser parte do teste de admissão. Quem não sabe lidar com os seus próprios ex ou tem problemas com os ex dos outros não merece a vaga. Não está a altura da titularidade.
>> Leia outras colunas de Ivan Martins
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras.)
IVAN MARTINS
IVAN MARTINS
É editor-executivo de ÉPOCA
Um dos efeitos colaterais da nossa liberdade de escolha afetiva é a multiplicação dos ex. Todo mundo tem um ou uma. No passado, quando as pessoas ficavam casadas pela vida inteira, essa figura controversa não existia. Havia ex-presidiário, ex-banqueiro e ex-garota de programa. Mas ex-marido ou ex-mulher, isso era coisa rara.
Hoje em dia, conheço um monte de gente que está no terceiro casamento. E a cada um deles corresponde o espectro de um ex. Alguns são fantasmas bonzinhos, desses que moram quietinhos na memória e, de vez em quando, nos acenam do fundo de um bar. São benignos. Outros vêem carregados de lembranças dolorosas. Só de avistá-los a pessoa se deprime. E há o terceiro tipo, verdadeiro morto-vivo, que é o ex que acha que não acabou – e fica ali em volta, ciscando, ligando, mandando mensagens. Encontrá-lo é sempre uma emoção desagradável.
O pior tipo é o ex de quem a gente gosta. Está lá você, feliz na sua vida, quando a danada (ou danado) aparece para azedar a noite. Pode acontecer a qualquer hora, em qualquer lugar. Não há defesa contra esse tipo de surpresa. No caso dos homens, estar acompanhado de uma mulher bacana atenua o baque. Afinal, ninguém merece ser pego sozinho, com cara de cão sem dono, diante de uma ex com olhar de “nunca fui tão feliz na vida”. Um escudo humano ajuda contra isso, mas não resolve. Ex de quem se gosta sempre dói.
No tempo em que as pessoas se dividiam claramente entre adultos e adolescentes, esse tipo de situação pertencia ao mundo dos adolescentes. Adultos não só tinham relações estáveis e duradouras como, uma vez que elas terminavam, não havia convívio entre ex-marido e ex-mulher. Isso mudou, claro. Os adultos agora trocam de parceiros como adolescentes, vivem em bandos como os adolescentes e, nesses bandos, todo mundo frequenta todo mundo, às vezes de forma carnal. Quando acaba com um, a relação começa com outro. É sempre alguém mais ou menos próximo. O resultado dessa endogamia é convívio indesejado. É troca de mensagens públicas nas redes sociais. É dor.
Eu acho isso tudo difícil de lidar, mas não vejo escapatória. Numa sociedade em que as pessoas se casam (e se relacionam) muitas vezes, é inevitável que andem por aí esbarrando nos ex. Ao menos aqueles que dividem o mesmo microcosmo social.
Claro, essas questões se colocam de forma aguda para quem acabou de se separar. Ou para quem ainda sofre com o ex. Ou para quem carrega divergências inconciliáveis com o ex-marido ou a ex-mulher.
Nas separações normais, passado o tempo regulamentar e superados sentimentos vis, o ex-casal pode conviver perfeitamente. À distância. Podem encontrar-se socialmente, de quando em quando, e trocar palavras amenas. Nessas ocasiões, ela vai avaliar discretamente a barriga e a papada dele e concluir que tudo piorou. Ele, com a mesma discrição, vai passar os olhos nas ancas dela e sentir uma pontinha de saudades. Seres humanos são assim.
Novos cônjuges ou namorados também são objeto de inspeção criteriosa, física e existencial. A rede comum de amigos é empregada para desenterrar detalhes íntimos sobre o sucessor ou sucessora. Se for gente normal, deixa de ser assunto em poucas semanas. E a vida continua.
Eu gosto de pensar que há grandeza nisso. Que há evolução. Uma sociedade em que as pessoas trocam, são trocadas e conseguem tocar a vida sem melodramas é
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Seria perfeito se no ato de usar seus direitos de escolha os ex tivessem a elegância de pensar nos sentimentos de quem ficou pra trás, mas isso talvez seja pedir demãos. Nós, como sociedade, não estamos nos tornando mais elegantes. Pelo contrário, estamos nos tornando egoístas e rudes na proteção de nossas prioridades. Mas imagino que assim preparamos o terreno para ser mais felizes.
Os conservadores, na sua abissal insegurança, tentam criar um mundo cercado de restrições, que os proteja da dor de serem trocados. Mas na geografia em que vivemos esse mundo não mais existe. Ele só pode ser recriado, no espaço da vida de um casal, através da violência e do controle. Ainda assim será precário e triste. Ao final, ilusório.
No mundo real, a fila anda,como disse uma vez o Fábio Júnior, depois da décima separação. Tenho a impressão, aliás, de que a nossa vida começa a se parecer com a vida dos artistas. Há no nosso cotidiano certo glamour que as gerações anteriores de gente normal não conheceram. Há também essas trocas rápidas de parceiros e casamentos relâmpagos que antes a gente só via nas revistas de fofocas. E há, claro, a divulgação pública de tudo que nos acontece, pelas redes sociais. Mesmo o anônimo mais sem graça tem uma audiência no Facebook com quem dividir seu último sucesso ou insucesso amoroso. Todos nós temos plateia e suspeito que, mesmo inconscientemente, atuamos para ela. Nós e nossos ex nos tornamos parte de uma novela que está o ar 24 horas por dia na internet.
Como eu já disse, não vejo muito remédio contra isso. Quem se relacionar no mundo moderno vai esbarrar nessa promiscuidade, ainda que não se engaje nela diretamente. Se o seu ex está na rede, um pedaço seu está lá. Se o seu ex é galinha, lá vai você na roda.
Um jeito de evitar o pior talvez seja relacionar-se fora da tribo profissional ou do grupo de amigos. Se algum dia a relação acabar, você não terá de ver sua ex-pessoa toda hora, nem ouvir a fofocas sobre o que ela faz ou deixa de fazer.
Outra dica útil – infinitamente mais séria - é examinar com cuidado o caráter da mulher ou do homem a quem você vai se juntar, especialmente se quiser ter filhos. Não há nada pior do que achar-se ligado pelo resto da vida a uma pessoa escrota. Mesmo aquilo que é difícil torna-se é mais fácil quando se está tratando com gente de bem.
Em relação à figura do ex ou da ex, a grande advertência é que eles não vão desaparecer porque nos cansamos deles. As pessoas com quem a gente se relacionou de forma duradoura fazem de alguma forma parte da nossa vida. Ficam lá em algum formato de arquivo.
Se você tem três ou quatro ex que estão sempre ao redor, aceite isso. E cuide para que o seu novo parceiro ou parceira também aceite. Num mundo como o nosso, em que nada é permanente, a capacidade de lidar com o passado deve ser parte do teste de admissão. Quem não sabe lidar com os seus próprios ex ou tem problemas com os ex dos outros não merece a vaga. Não está a altura da titularidade.
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(Ivan Martins escreve às quartas-feiras.)
Textos do Ivan Martins, da Revista Época.
Ivan Martins, virei sua fã. Vale a pena dar uma lida, são sensacionais!
Ele vive dentro de nós e, cedo ou tarde, mostra a cara
IVAN MARTINS
IVAN MARTINS
É editor-executivo de ÉPOCA
Antes de escrever esta coluna eu prometi a mim mesmo que veria Blue Valentine, lançado no Brasil com o título besta de Namorados para sempre. Prometi, mas não fiz. Tudo o que li sugere que o filme é um retrato demasiadamente fiel de dois momentos cruciais da relação amorosa, o começo jubiloso e o fim horrendo. Quem viu o filme diz que dói. Eu, que assim como vocês já tive a minha cota de separações, e ainda mais, ainda não reuni coragem para me ver em cena. E talvez não reúna.
Mesmo de longe, Blue Valentine me fez lembrar do monstro que aparece quando as relações começam a acabar. Ele se manifesta por insultos e violência verbal, no início. Indiferença e sarcasmo, depois. É preciso ter atravessado um túnel desses para perceber que as brigas, ainda que assustadoras, representam uma tentativa de aproximação. Elas são o derradeiro gesto de carinho. Os gritos parecem uma forma exasperada de perguntar, afinal, o que aconteceu com o amor que havia aqui? A indiferença entra em cena quando ninguém mais está interessado na resposta.
De um jeito ou de outro, o monstro está lá.
Se ele grita e quebra pratos, ou cala, ainda é ele, cascudo e áspero por fora, uma bola sangrenta e dolorosa por dentro. O monstro da separação se parece imensamente com a pessoa que a gente amava, mas, ao contrário dela, parece ter vindo ao mundo com a missão explícita de nos fazer sofrer, de forma cruel e variada. A pior delas é a confusão. Às vezes, o monstro sorri de uma maneira tão parecida ao antigo objeto do nosso amor que é impossível não se derreter por ele. Mas, um segundo depois, o monstro faz um comentário gelado que deixa clara a sua natureza de réptil. Nossos sentimentos oscilam como pêndulo entre um momento e outro, e a vida parece não ser mais do que um poço escuro repleto de indecisão.
Muitos dirão que eu exagero – e é verdade. Mas o fato é que nunca vivi uma separação inteiramente civilizada. Temo que elas não existam. Na minha experiência, em algum momento o monstro sempre dá as caras. Mesmo nas relações mais doces ele aparece – ainda que seja no finalzinho, ou depois.
Lembro de me separar de uma mulher tão querida, com quem eu tinha uma relação de tanto carinho, que nos era impossível brigar de verdade. Quando ela se punha a berrar comigo eu achava a cena cômica, e ria. Mesmo assim teve barraco, semanas depois da separação. Eu soube que ela estava saindo com um sujeito qualquer e achei que tinha o direito de receber esclarecimentos. Liguei, cobrei e ela – com toda razão – disse que aquilo não era da minha conta e mandou que eu me catasse. Foi aí que o monstro pegou o telefone do meu lado e entrou na conversa. Lembro perfeitamente de algumas coisas que ele disse, e da frieza torpe com que disse, mas tenho vergonha de reproduzir. Do lado de lá, claro, apareceu outro monstro, de cílios postiços e batom vermelho, que gritou ao telefone coisas terríveis, tiradas do baú do ressentimento. Não foi nada bom.
Uma das características mais surpreendentes do monstro da separação é que gente nem imagina quando ele veio ao mundo. Lembramos perfeitamente do dia, da hora e talvez mesmo do exato segundo em que o amor começou. Ou, pelo menos, da sensação de estar diante da possibilidade do amor. Mas temos uma dificuldade enorme em perceber o momento em que a casa começa a cair. Exceto nos romances e nos filmes, que tentam explicar o inexplicável, ninguém acumula pistas para esse tipo de desfecho. Ninguém diz, por exemplo: aquela manhã, quando eu comentei que iria voltar tarde para casa, e ela sequer me ouviu, percebi que as coisas estavam acabando. Ou então: trocamos um olhar no meio da festa e, repentinamente, ficou claro que a cumplicidade que houvera entre nós havia desaparecido.
Na vida real não é assim. Pela boa razão de que não queremos que seja. A maioria de nós gosta de ser parte de um casal, de um projeto, de um todo. Gostamos de ser amados e de amar. Assim, não nos interessa ficar espreitando o futuro na borra do café de todos os dias. Tocamos o barco, como se diz. Seguimos adiante, otimistas até prova em contrário. Quando a gente se dá conta, o mal-estar já está batendo nas coxas, como uma água suja e fria. Esse é o ambiente em que os monstros vicejam.
É evidente que ninguém chega a isso de uma hora para outra. Monstros não se improvisam. Nem se manifestam em relações que não tiveram tempo de engendrá-los. Não adianta namorar superficialmente por três meses e esperar por um sáurio escamoso de três metros na despedida. Ela não vai aparecer. Monstros são filhos bastardos da paixão e do comprometimento. São alimentados, paradoxalmente, por desejo, admiração e compromisso. Além de tempo, claro. Gente que não é capaz de amar nunca vai ter seu monstro. Pode ver o dos outros, daqueles que são capazes de amar sozinhos, mas esses não são realmente assustadores. Os monstros que nos metem medo têm as feições e os gestos das pessoas que nós amamos. Ou as nossas.
Dito isso, se eu fosse dirigir um filme de amor, tentaria evitar esse trecho final, como o cinema antigo fazia nas cenas de sexo. Depois do beijo, descia a cortina. Quem não sabia o que vinha depois não tinha idade para isso e não deveria realmente ver. Quem já sabia não precisava de explicações tão diretas. O voyerismo erótico e emocional – esse que nos dá o direito de espiar até os últimos detalhes da vida dos outros, real ou imaginária – é uma invenção relativamente recente. Se eu fosse dirigir um filme de amor, portanto, apelaria para o pudor. E acho que seria um sucesso. Aposto que o mundo está cheio de gente como eu, cansada de ver de perto o monstro da separação.
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)
Ele vive dentro de nós e, cedo ou tarde, mostra a cara
IVAN MARTINS
IVAN MARTINS
É editor-executivo de ÉPOCA
Antes de escrever esta coluna eu prometi a mim mesmo que veria Blue Valentine, lançado no Brasil com o título besta de Namorados para sempre. Prometi, mas não fiz. Tudo o que li sugere que o filme é um retrato demasiadamente fiel de dois momentos cruciais da relação amorosa, o começo jubiloso e o fim horrendo. Quem viu o filme diz que dói. Eu, que assim como vocês já tive a minha cota de separações, e ainda mais, ainda não reuni coragem para me ver em cena. E talvez não reúna.
Mesmo de longe, Blue Valentine me fez lembrar do monstro que aparece quando as relações começam a acabar. Ele se manifesta por insultos e violência verbal, no início. Indiferença e sarcasmo, depois. É preciso ter atravessado um túnel desses para perceber que as brigas, ainda que assustadoras, representam uma tentativa de aproximação. Elas são o derradeiro gesto de carinho. Os gritos parecem uma forma exasperada de perguntar, afinal, o que aconteceu com o amor que havia aqui? A indiferença entra em cena quando ninguém mais está interessado na resposta.
De um jeito ou de outro, o monstro está lá.
Se ele grita e quebra pratos, ou cala, ainda é ele, cascudo e áspero por fora, uma bola sangrenta e dolorosa por dentro. O monstro da separação se parece imensamente com a pessoa que a gente amava, mas, ao contrário dela, parece ter vindo ao mundo com a missão explícita de nos fazer sofrer, de forma cruel e variada. A pior delas é a confusão. Às vezes, o monstro sorri de uma maneira tão parecida ao antigo objeto do nosso amor que é impossível não se derreter por ele. Mas, um segundo depois, o monstro faz um comentário gelado que deixa clara a sua natureza de réptil. Nossos sentimentos oscilam como pêndulo entre um momento e outro, e a vida parece não ser mais do que um poço escuro repleto de indecisão.
Muitos dirão que eu exagero – e é verdade. Mas o fato é que nunca vivi uma separação inteiramente civilizada. Temo que elas não existam. Na minha experiência, em algum momento o monstro sempre dá as caras. Mesmo nas relações mais doces ele aparece – ainda que seja no finalzinho, ou depois.
Lembro de me separar de uma mulher tão querida, com quem eu tinha uma relação de tanto carinho, que nos era impossível brigar de verdade. Quando ela se punha a berrar comigo eu achava a cena cômica, e ria. Mesmo assim teve barraco, semanas depois da separação. Eu soube que ela estava saindo com um sujeito qualquer e achei que tinha o direito de receber esclarecimentos. Liguei, cobrei e ela – com toda razão – disse que aquilo não era da minha conta e mandou que eu me catasse. Foi aí que o monstro pegou o telefone do meu lado e entrou na conversa. Lembro perfeitamente de algumas coisas que ele disse, e da frieza torpe com que disse, mas tenho vergonha de reproduzir. Do lado de lá, claro, apareceu outro monstro, de cílios postiços e batom vermelho, que gritou ao telefone coisas terríveis, tiradas do baú do ressentimento. Não foi nada bom.
Uma das características mais surpreendentes do monstro da separação é que gente nem imagina quando ele veio ao mundo. Lembramos perfeitamente do dia, da hora e talvez mesmo do exato segundo em que o amor começou. Ou, pelo menos, da sensação de estar diante da possibilidade do amor. Mas temos uma dificuldade enorme em perceber o momento em que a casa começa a cair. Exceto nos romances e nos filmes, que tentam explicar o inexplicável, ninguém acumula pistas para esse tipo de desfecho. Ninguém diz, por exemplo: aquela manhã, quando eu comentei que iria voltar tarde para casa, e ela sequer me ouviu, percebi que as coisas estavam acabando. Ou então: trocamos um olhar no meio da festa e, repentinamente, ficou claro que a cumplicidade que houvera entre nós havia desaparecido.
Na vida real não é assim. Pela boa razão de que não queremos que seja. A maioria de nós gosta de ser parte de um casal, de um projeto, de um todo. Gostamos de ser amados e de amar. Assim, não nos interessa ficar espreitando o futuro na borra do café de todos os dias. Tocamos o barco, como se diz. Seguimos adiante, otimistas até prova em contrário. Quando a gente se dá conta, o mal-estar já está batendo nas coxas, como uma água suja e fria. Esse é o ambiente em que os monstros vicejam.
É evidente que ninguém chega a isso de uma hora para outra. Monstros não se improvisam. Nem se manifestam em relações que não tiveram tempo de engendrá-los. Não adianta namorar superficialmente por três meses e esperar por um sáurio escamoso de três metros na despedida. Ela não vai aparecer. Monstros são filhos bastardos da paixão e do comprometimento. São alimentados, paradoxalmente, por desejo, admiração e compromisso. Além de tempo, claro. Gente que não é capaz de amar nunca vai ter seu monstro. Pode ver o dos outros, daqueles que são capazes de amar sozinhos, mas esses não são realmente assustadores. Os monstros que nos metem medo têm as feições e os gestos das pessoas que nós amamos. Ou as nossas.
Dito isso, se eu fosse dirigir um filme de amor, tentaria evitar esse trecho final, como o cinema antigo fazia nas cenas de sexo. Depois do beijo, descia a cortina. Quem não sabia o que vinha depois não tinha idade para isso e não deveria realmente ver. Quem já sabia não precisava de explicações tão diretas. O voyerismo erótico e emocional – esse que nos dá o direito de espiar até os últimos detalhes da vida dos outros, real ou imaginária – é uma invenção relativamente recente. Se eu fosse dirigir um filme de amor, portanto, apelaria para o pudor. E acho que seria um sucesso. Aposto que o mundo está cheio de gente como eu, cansada de ver de perto o monstro da separação.
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)
Esse texto do Ivan Martins da revista Época é super sensacional. vale a pena dar uma olhada. :)
Por que as pessoas valorizam o esforço e a sedução?
IVAN MARTINS
IVAN MARTINS
É editor-executivo de ÉPOCA
Há conversas que nunca terminam e dúvidas que jamais desaparecem. Sobre a melhor maneira de iniciar uma relação, por exemplo. Muita gente acredita que aquilo que se ganha com facilidade se perde do mesmo jeito. Acham que as relações que exigem esforço têm mais valor. Mulheres difíceis de conquistar, homens difíceis de manter, namoros que dão trabalho - esses tendem a ser mais importantes e duradouros. Mas será verdade?
Eu suspeito que não.
Acho que somos ensinados a subestimar quem gosta de nós. Se a garota na mesa ao lado sorri em nossa direção, começamos a reparar nos seus defeitos. Se a pessoa fosse realmente bacana não me daria bola assim de graça. Se ela não resiste aos meus escassos encantos é uma mulher fácil – e mulheres fáceis não valem nada, certo? O nome disso, damas e cavalheiros, é baixa auto-estima: não entro em clube que me queira como sócio. É engraçado, mas dói.
Também somos educados para o sacrifício. Aquilo que ganhamos sem suor não tem valor. Somos uma sociedade de lutadores, não somos? Temos de nos esforçar para obter recompensas. As coisas que realmente valem a pena são obtidas à duras penas. E por aí vai. De tanto ouvir essa conversa - na escola, no esporte, no escritório - levamos seus pressupostos para a vida afetiva. Acabamos acreditando que também no terreno do afeto deveríamos ser capazes de lutar, sofrer e triunfar. Precisamos de conquistas épicas para contar no jantar de domingo. Se for fácil demais, não vale. Amor assim não tem graça, diz um amigo meu. Será mesmo?
Minha experiência sugere o contrário.
Desde a adolescência, e no transcorrer da vida adulta, todas as mulheres importantes me caíram do céu. A moça que vomitou no meu pé na festa do centro acadêmico e me levou para dormir na sala da casa dela. Casamos. A garota de olhos tristes que eu conheci na porta do cinema e meia hora depois tomava o meu sorvete. Quase casamos? A mulher cujo nome eu perguntei na lanchonete do trabalho e 24 horas depois me chamou para uma festa. A menina do interior que resolveu dançar comigo num impulso. Nenhuma delas foi seduzida, conquistada ou convencida a gostar de mim. Elas tomaram a iniciativa – ou retribuíram sem hesitar a atenção que eu dei a elas.
Toda vez que eu insisti com quem não estava interessada deu errado. Toda vez que tentei escalar o muro da indiferença foi inútil. Ou descobri que do outro lado não havia nada. Na minha experiência, amor é um território em que coragem e a iniciativa são premiadas, mas empenho, persistência e determinação nunca trouxeram resultado.
Relato essa experiência para discutir uma questão que me parece da maior gravidade: o quanto deveríamos insistir em obter a atenção de uma pessoa que não parece retribuir os nossos sentimos?
Quem está emocionalmente disponível lida com esse tipo de dilema o tempo todo. Você conhece a figura, acha bacana, liga uns dias depois e ela não atende e nem liga de volta. O que fazer? Você sai com a pessoa, acha ela o máximo, tenta um segundo encontro e ela reluta em marcar a data. Como proceder a partir daí? Você começou uma relação, está se apaixonando, mas a outra parte, um belo dia, deixa de retornar seus telefonemas. O que se faz? Você está apaixonado ou apaixonada, levou um pé na bunda e mal consegue respirar. É o caso de tentar reconquistar ou seria melhor proteger-se e ajudar o sentimento a morrer?
Todas essas situações conduzem à mesma escolha: insistir ou desistir?
Quem acha que o amor é um campo de batalha geralmente opta pela insistência. Quem acha que ele é uma ocorrência espontânea tende a escolher a desistência (embora isso pareça feio). Na prática, como não temos 100% de certeza sobre as coisas, e como não nos controlamos 100%, oscilamos entre uma e outra posição, ao sabor das circunstâncias e do tamanho do envolvimento. Mas a maioria de nós, mesmo de forma inconsciente, traça um limite para o quanto se empenhar (ou rastejar) num caso desses. Quem não tem limites sofre além da conta – e frequentemente faz papel de bobo, com resultados pífios.
Uma das minhas teorias favoritas é que mesmo que a pessoa ceda a um assédio longo e custoso a relação estará envenenada. Pela simples razão de que ninguém é esnobado por muito tempo ou de forma muito ostensiva sem desenvolver ressentimentos. E ressentimentos não se dissipam. Eles ficam e cobram um preço. Cedo ou tarde a conta chega. E o tipo de personalidade que insiste demais numa conquista pode estar movida por motivos errados: o interesse é pela pessoa ou pela dificuldade? É um caso de amor ou de amor próprio?
Ser amado de graça, por outro lado, não tem preço. É a homenagem mais bacana que uma pessoa pode nos fazer. Você está ali, na vida (no trabalho, na balada, nas férias, no churrasco, na casa do amigo) e a pessoa simplesmente gosta de você. Ou você se aproxima com uma conversa fiada e ela recebe esse gesto de braços abertos. O que pode ser melhor do que isso? O que pode ser melhor do que ser gostado por aquilo que se é – sem truques, sem jogos de sedução, sem premeditações? Neste momento eu não consigo me lembrar de nada.
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)
IVAN MARTINS
IVAN MARTINS
É editor-executivo de ÉPOCA
Há conversas que nunca terminam e dúvidas que jamais desaparecem. Sobre a melhor maneira de iniciar uma relação, por exemplo. Muita gente acredita que aquilo que se ganha com facilidade se perde do mesmo jeito. Acham que as relações que exigem esforço têm mais valor. Mulheres difíceis de conquistar, homens difíceis de manter, namoros que dão trabalho - esses tendem a ser mais importantes e duradouros. Mas será verdade?
Eu suspeito que não.
Acho que somos ensinados a subestimar quem gosta de nós. Se a garota na mesa ao lado sorri em nossa direção, começamos a reparar nos seus defeitos. Se a pessoa fosse realmente bacana não me daria bola assim de graça. Se ela não resiste aos meus escassos encantos é uma mulher fácil – e mulheres fáceis não valem nada, certo? O nome disso, damas e cavalheiros, é baixa auto-estima: não entro em clube que me queira como sócio. É engraçado, mas dói.
Também somos educados para o sacrifício. Aquilo que ganhamos sem suor não tem valor. Somos uma sociedade de lutadores, não somos? Temos de nos esforçar para obter recompensas. As coisas que realmente valem a pena são obtidas à duras penas. E por aí vai. De tanto ouvir essa conversa - na escola, no esporte, no escritório - levamos seus pressupostos para a vida afetiva. Acabamos acreditando que também no terreno do afeto deveríamos ser capazes de lutar, sofrer e triunfar. Precisamos de conquistas épicas para contar no jantar de domingo. Se for fácil demais, não vale. Amor assim não tem graça, diz um amigo meu. Será mesmo?
Minha experiência sugere o contrário.
Desde a adolescência, e no transcorrer da vida adulta, todas as mulheres importantes me caíram do céu. A moça que vomitou no meu pé na festa do centro acadêmico e me levou para dormir na sala da casa dela. Casamos. A garota de olhos tristes que eu conheci na porta do cinema e meia hora depois tomava o meu sorvete. Quase casamos? A mulher cujo nome eu perguntei na lanchonete do trabalho e 24 horas depois me chamou para uma festa. A menina do interior que resolveu dançar comigo num impulso. Nenhuma delas foi seduzida, conquistada ou convencida a gostar de mim. Elas tomaram a iniciativa – ou retribuíram sem hesitar a atenção que eu dei a elas.
Toda vez que eu insisti com quem não estava interessada deu errado. Toda vez que tentei escalar o muro da indiferença foi inútil. Ou descobri que do outro lado não havia nada. Na minha experiência, amor é um território em que coragem e a iniciativa são premiadas, mas empenho, persistência e determinação nunca trouxeram resultado.
Relato essa experiência para discutir uma questão que me parece da maior gravidade: o quanto deveríamos insistir em obter a atenção de uma pessoa que não parece retribuir os nossos sentimos?
Quem está emocionalmente disponível lida com esse tipo de dilema o tempo todo. Você conhece a figura, acha bacana, liga uns dias depois e ela não atende e nem liga de volta. O que fazer? Você sai com a pessoa, acha ela o máximo, tenta um segundo encontro e ela reluta em marcar a data. Como proceder a partir daí? Você começou uma relação, está se apaixonando, mas a outra parte, um belo dia, deixa de retornar seus telefonemas. O que se faz? Você está apaixonado ou apaixonada, levou um pé na bunda e mal consegue respirar. É o caso de tentar reconquistar ou seria melhor proteger-se e ajudar o sentimento a morrer?
Todas essas situações conduzem à mesma escolha: insistir ou desistir?
Quem acha que o amor é um campo de batalha geralmente opta pela insistência. Quem acha que ele é uma ocorrência espontânea tende a escolher a desistência (embora isso pareça feio). Na prática, como não temos 100% de certeza sobre as coisas, e como não nos controlamos 100%, oscilamos entre uma e outra posição, ao sabor das circunstâncias e do tamanho do envolvimento. Mas a maioria de nós, mesmo de forma inconsciente, traça um limite para o quanto se empenhar (ou rastejar) num caso desses. Quem não tem limites sofre além da conta – e frequentemente faz papel de bobo, com resultados pífios.
Uma das minhas teorias favoritas é que mesmo que a pessoa ceda a um assédio longo e custoso a relação estará envenenada. Pela simples razão de que ninguém é esnobado por muito tempo ou de forma muito ostensiva sem desenvolver ressentimentos. E ressentimentos não se dissipam. Eles ficam e cobram um preço. Cedo ou tarde a conta chega. E o tipo de personalidade que insiste demais numa conquista pode estar movida por motivos errados: o interesse é pela pessoa ou pela dificuldade? É um caso de amor ou de amor próprio?
Ser amado de graça, por outro lado, não tem preço. É a homenagem mais bacana que uma pessoa pode nos fazer. Você está ali, na vida (no trabalho, na balada, nas férias, no churrasco, na casa do amigo) e a pessoa simplesmente gosta de você. Ou você se aproxima com uma conversa fiada e ela recebe esse gesto de braços abertos. O que pode ser melhor do que isso? O que pode ser melhor do que ser gostado por aquilo que se é – sem truques, sem jogos de sedução, sem premeditações? Neste momento eu não consigo me lembrar de nada.
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)
13.7.11
Conheça-te a ti mesmo.
Por mais que o indivíduo tenha acabado com meu psicológico e destruído a vida de muitas vítimas, difamando ex amigos, ex namoradas, e pessoas ao seu redor. Hoje reflito com paz no coração, de que se vingar de uma pessoa tão pobre de caráter não é a melhor solução.
Um dia, deus ensina e a vida também por si só.
Obrigada a todos que me apoiaram e sempre me apoiam, que a maldade em si se corrói dentro da alma dele, sem precisar de justiça alguma.
Bom dia, que esse veneno que ele passou nesses 11 meses para mim, agora seja sugado por ele mesmo e fique corroendo o resto de bondade que ele deveria ter.
Um dia, deus ensina e a vida também por si só.
Obrigada a todos que me apoiaram e sempre me apoiam, que a maldade em si se corrói dentro da alma dele, sem precisar de justiça alguma.
Bom dia, que esse veneno que ele passou nesses 11 meses para mim, agora seja sugado por ele mesmo e fique corroendo o resto de bondade que ele deveria ter.
11.7.11
http://pessoasperigosas.blogspot.com/2009/01/sociopatas-uma-breve-descrio.html
Estava lendo sobre os transtornos de personalidade e achei o encaixe perfeito e maquiavélico que me assustou profundamente pela semelhança de detalhes que ocorreram de agosto de 2010 até julho de 2011. São fatos horriveis que comprovam que eu estava vivendo ao lado de um SOCIOPATA. cuidado, não hesitarei em ajudar a próxima vítima, assimo com a ex namorada dele, veio a me ajudar nos meses seguintes. me mostrando que eu estava sendo a próxima vítima de um doente manipulador.
Sociopatas: Uma Breve Descrição
Sociopatas têm sérias dificuldades para sentir empatia em relação aos outros. Em outras palavras, eles acham extremamente difícil e em alguns casos até impossível se colocar na posição da outra pessoa. É por causa disso que tantas vezes eles são indelicados e insensíveis, divertindo-se em humilhar e depreciar.
Sua predisposição para falar o que querem sem se importar com a verdade em conjunto com o seu narcisismo exacerbado, levam-nos a contar histórias mirabolantes em que eles são os heróis e em que os seus opositores são sempre maus e culpados por tudo. Valendo-se de mentiras ou de meias verdades, o psicopata manipula quem ele quer, para obter lucro pessoal ou simplesmente para se divertir.
O sociopata tem emoções rasas. Ele é extremamente habilidoso em demonstrar amizade, carinho e consideração para ganhar a confiança das pessoas. Mas suas emoções em grande parte são superficiais e as demonstrações de cuidado não passam de mero teatro. Até mesmo suas demonstrações de raiva são artificiais. Logo depois de um ataque de ira, o psicopata retorna ao estado normal, deixando claro que não provou do sentimento como uma pessoa normal provaria.
Psicopatas têm comportamento impulsivo e irresponsável; com frequência não se mantêm no trabalho e não administram bem as suas contas.
Sociopatas: Uma Breve Descrição
Sociopatas têm sérias dificuldades para sentir empatia em relação aos outros. Em outras palavras, eles acham extremamente difícil e em alguns casos até impossível se colocar na posição da outra pessoa. É por causa disso que tantas vezes eles são indelicados e insensíveis, divertindo-se em humilhar e depreciar.
Sua predisposição para falar o que querem sem se importar com a verdade em conjunto com o seu narcisismo exacerbado, levam-nos a contar histórias mirabolantes em que eles são os heróis e em que os seus opositores são sempre maus e culpados por tudo. Valendo-se de mentiras ou de meias verdades, o psicopata manipula quem ele quer, para obter lucro pessoal ou simplesmente para se divertir.
O sociopata tem emoções rasas. Ele é extremamente habilidoso em demonstrar amizade, carinho e consideração para ganhar a confiança das pessoas. Mas suas emoções em grande parte são superficiais e as demonstrações de cuidado não passam de mero teatro. Até mesmo suas demonstrações de raiva são artificiais. Logo depois de um ataque de ira, o psicopata retorna ao estado normal, deixando claro que não provou do sentimento como uma pessoa normal provaria.
Psicopatas têm comportamento impulsivo e irresponsável; com frequência não se mantêm no trabalho e não administram bem as suas contas.
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