Josef (Tim Robbins) é vítima de um acidente numa plataforma petrolífera. Hannah (Sarah Polley) oferece-se para o tratar. Dois desconhecidos, um do outro e do espectador, feridos por dentro e por fora, encontram-se, talvez para "começar uma nova vida juntos". É a história desta intimidade que nos conta a realizadora e guionista catalã Isabel Coixet em "A Vida Secreta das Palavras".
O filme é um murro no estômago do espectador, um desmanchar de todas as vulgares histórias de amor, um grito poético e panfletário contra a guerra, mostrando que a esperança não morre. Os diálogos são ternos e bem dispostos, apesar de escassos. Não há música - a essência da comunicação entre Josef e Hannah está para além de artifícios.
"A Vida Secreta das Palavras" vive da última capacidade de um público anestesiado perante a violência gratuíta que pulula pela indústria audiovisual de se comover, de perceber o que há de mais profundamente humano na sociedade e nas pessoas que nos rodeiam. É lirismo sem condescendência.
Destaque para as magníficas interpretações da actriz canadidana Sarah Polley, que enche o ecrã com a assombrosa Hannah, e para um infantil, comovente Tim Robbins, que promete "aprender a nadar" nos dias em que a tristeza de Hannah o pode inundar.
O filme, quarta longa metragem de Coixet (depois dos bem sucedidos "Confissões de um Apaixonado" (1996) e "Minha Vida Sem Mim" (2003)), conta com a produção da El Deseo, de Pedro Almodovar e é narrado em inglês. Depois de vencer a edição deste ano dos prémios Goya, o galardão mais importante do cinema espanhol, "A Vida Secreta das Palvaras" estreou em solo português na passada semana.
Também merece destaque a belíssima trilha sonora de A Vida Secreta das Palavras, que funciona muito bem para envolver o espectador na solidão de seus personagens. Isolados do mundo – tanto geograficamente quanto nos sentimentos -, eles sofrem e buscam, cada um à sua maneira, encontrar uma saída, mesmo que momentânea.
top 2 best songs:
"Coming Back Down to Earth" por The real tuesday
"Hope There's Someone"
por Antony Hegarty (as Antony) and the Johnsons
segunda (15) à quinta (18) no multiplex uci ribeiro cinema de arte às 19:30.
sinto a brisa indo para bem longe de mim de encontro e ao desencontro de dois corpos que já não sabem o que são do porque e das respostas postas à tapa de corpo nu, um afago então me conformarei assim encontro-me constatemente inconstante dentro de entrelinhas , avisto o subjetivo de não se saber aonde ir a melancolia toma outro rumo junto da conformação já não a sinto já não a quero em mim.
Hoje, folhas azedas... Não no sentido do gosto imediato ácido, mas propriamente à falta mesmo de açúcar de vida. Um dia que para tão somente ficar entre outros passados e os ainda filhos do devir. Penso "tê-los" como pontos-de-fuga na pintura surreal do cotidiano-trator e suas exigências de energia tão sutis quanto inutilizantes, na praxis ideal do viver, em mim. A prece é que estou com vontade de ver as letras passando pela minha vista como se eu não fosse o dono delas, e isso é a verdade. Assim como estas mal-ditas, os atos também, decerto, seguem as linhas da finitude e a escolha seria mero acaso de coincidências latentes alteradas pela nossa pretensão de dizer, falar, fazer, tudo didatismo. Deveras, o martírio de não conseguir sair de dentro, do cair de fora dos meus olhos rasgados para esta alma-abismo, é a dor.
Durante um bom tempo, adotei uma postura cética quanto a este "diário"... Deixei textos como quem desdenha de si mesmo, e, no entanto, coletava alguns comentários quase nunca correspondidos. A questão agora é que me veio uma vontade de escrever, com a inocência perdida de um padre sem fé, algo apenas algo. Já tive intenções maiores, cansei. O pequeno, gosto disso. Até porque, no fundo, eu o seja.
Estou parado quando me mexo, mexo-me quando estou parado...
É um monstro no qual se desenvolveu até o absurdo a faculdade que temos de extrair pensamentos de nossos atos em vez de identificar nossos atos com nossos pensamentos.